Pobre Futebol Rico

Muito se tem falado sobre a arbitragem no mundo do futebol. Não há restrição geográfica, racial, política ou federativa, mas, os antigamente chamados “homens de preto”, hoje mais fashions com seus uniformes multicores, porém não menos falíveis que dantes, continuam arrebatando o foco das atenções quando deveriam apenas ser meros coadjuvantes do espetáculo, ainda que valorosos, é justo que se diga, mas, nada além de instrumentos para um espetáculo onde o resultado deve ser conseqüência apenas do jogo.

Muito se fala que sem os erros da arbitragem o futebol não seria o mesmo, que perderia a emoção dos comentários, das opiniões diversas sobre as marcações polêmicas, mas, sinceramente, eu não consigo aceitar que o erro é necessário para a sobrevivência do futebol. A mim me parece meio insana esta afirmação.

Como crer que algo que fomenta sentimentos inferiores como o ódio, a desconfiança e a “injustiça” pode ser algo imprescindível para a sobrevivência do futebol? Para mim é, no mínimo, estúpido.

No mesmo patamar ficam os homens que comandam o futebol, os todo-poderosos e intocáveis dirigentes que escondidos atrás das instituições, transformaram o esporte em mero instrumento de negócio, onde o futebol e o torcedor que juntos formam um só corpo e que deveriam ser os grandes beneficiados desse negócio, pelo contrário, são os explorados da história, pelo show business em que o futebol se tornou.

Todas essas ações de marketing e transformação no “Football Association”, os mega-empreendedores e os donos da comunicação mundial não fazem o futebol ser melhor que foi ou do que é, pois, o futebol é auto-sustentável, é auto-suficiente, é auto-renovável. Ademais, são acessórios que fazem parte do contexto, necessários, mas não imprescindíveis.

O grande lance do futebol é a paixão alimentada pelos paradoxos que cercam a sua existência. As antíteses do futebol, intrínsecas à sua fisiologia, unem ingredientes compatíveis apenas a ele. A “lógica e o irracional”, o “óbvio e o imponderável”, a paixão que, por ser paixão, une “amor e ódio”, e os principais, inseparáveis e indispensáveis a qualquer jogo, a “competência e a sorte”.

Acho que esses são os ingredientes indispensáveis ao futebol, portanto, tudo mais pode e deve ser reinventado, transformado e renovado para fazer o futebol cada vez mais agradável e melhor para cumprir o seu papel em nossas vidas, nos dando lazer, prazer e exemplos dignos para a educação e o desenvolvimento humano que, ao contrário do que tem acontecido, não elevem as nossas mentes a pensamentos pequenos e nem os nossos corações a sentimentos pequenos.

Que os dirigentes possam dedicar à instituição do futebol a ética, a honestidade e a dignidade para que ele em sua importância, grandeza e abrangência, possa ser agente de transformação, fazendo com que torcedores e profissionais do futebol sejam exemplos, devolvendo assim ao futebol tudo que ele tem disposto a todos nós.

Autor: Ricardo Feijão