O Ceará fecha a 12ª rodada do returno do Brasileirão com a pior campanha e caminha a passos largos para a 2ª divisão: 12 jogos, 7 derrotas, 4 empates e apenas uma vitória.
De quem é a culpa? Impossível não delegar essa responsabilidade à Diretoria do Clube. Depois de insistir com Wagner Mancini que conseguiu desconstruir um time que tinha no entrosamento e na união do grupo desde 2009 a sua força, perdeu jogadores-chaves que exerciam uma liderança positiva e que eram alicerces emocionais para o grupo, além de fazer contratações mais do que equivocadas de profissionais que, se muito, conseguiriam contrato para atuarem na Segunda Divisão. Lembro que alguns destes foram contratados a peso de ouro.
Dos que partiram, lamenta-se Magno Alves e Geraldo, peças fundamentais no ano passado e o zagueiro Anderson e o lateral Ernandes, ambos brilhando no Atlético-Go que, a propósito, já está garantido na série A do próximo ano.
Dos que vieram e não justificaram suas contratações citamos Roger, Egídio, Edmilson, Enrico, Leandro Chaves e o incrível Felipe Azevedo que consegue hipnotizar a “quase” todos, mantendo-se entre os titulares e, pasmem, sendo escalado pelos dois treinadores como meia- armador o que, diante da falta de habilidade e criatividade desse jogador, seria cômico se não fosse trágico. Ademais, cito os que jogaram e foram descartados, além dos que sequer entraram em campo, entre outros: Diego Macedo, Kleber, Anderson Luís, Diguinho e Juca.
A Diretoria demorou a tirar o invencionista Mancini que dos doze pontos disputados no segundo turno conquistou apenas dois (17% de aproveitamento) e, para não perder o costume, cometeu mais um erro, talvez o último e fatal, trouxe de volta o inoperante Estevam Soares que conseguiu se equiparar a Mancini ganhando apenas cinco dos vinte e quatro pontos que o time disputou sob seu comando (20% de aproveitamento). O que dizer de um treinador que, faltando oito jogos para o final do campeonato, dos vinte e quatro pontos a serem disputados precisa ganhar doze, entra em campo com quatro volantes de contenção sendo que, desses quatro, um que estava parado há mais de um ano por contusão, portanto sem ritmo de jogo e destoando em campo e, mais, com Felipe Azevedo como o responsável pela criação? O que dizer?
A inoperância do treinador se evidenciou quando ele deixou o volante Careca durante todo o primeiro tempo sem conseguir acompanhar a velocidade e a dinâmica do jogo, visivelmente sem ritmo e fora de forma e se confirmou quando ele colocou Nicácio, artilheiro do time na temporada, faltando míseros quinze minutos para acabar o jogo, além de ressuscitar Egídio que, como já era esperado, nada acrescentou ao desorganizado time do Ceará. É inaceitável para um treinador com a experiência de Estevam Soares.
Agora a Diretoria tem uma missão mais que difícil pela frente, decidir quem será o novo comandante alvinegro para os sete jogos finais sem ter mais direito a equívocos. Não é fácil esta missão diante das circunstâncias, pois, os erros cometidos, a demora na reação para os ajustes desses erros e a reincidência dos mesmos nas novas escolhas, colocaram o Ceará nessa situação na reta final do campeonato que, lamentavelmente, o coloca como provável participante da série B do próximo ano.
À torcida do Vozão dedico minha solidariedade porque tenho o mesmo sentimento pelo Clube e o mesmo sofrimento pela situação.
À Diretoria, meu lamento. É verdade que não podemos esquecer os acertos que trouxeram o Ceará à elite do futebol brasileiro e ao respeito conquistado nacionalmente, além do saneamento financeiro do clube depois de várias gestões desastrosas e maléficas ao Ceará Sporting Clube, mas, o ano de 2011 foi marcado por erros recorrentes que podem levar o Ceará de volta a série B e agora, mesmo não sendo justo jogar essa responsabilidade apenas sobre os atletas, somente eles poderão tirar o Vozão dessa situação desastrosa, independente do treinador que venha assumir o time nessa reta final.
Autor: Ricardo Feijão